Comunicados

A nova cara do Cifrão

Fundação contrata terceiros para atuarem nas gestões operacional e de investimentos e mantém sob controle interno a gestão estratégica

Matéria retirada do site Investidor Institucional

Há oito meses na Cifrão, fundo de pensão da Casa da Moeda, Marcos Litz está promovendo uma verdadeira revolução nas práticas de investimento da instituição. Ele assumiu a diretoria de investimentos da Cifrão em outubro de 2022, após ter trabalhado por um ano e meio como portfolio manager da Fundação Libertas, remotamente, em plena pandemia da Covid 19, e antes disso por trinta anos em outras fundações e no mercado financeiro. “Estamos preparando a fundação para crescer”, diz Litz.

“Terceirizamos partes para quem tem expertise e ficamos na supervisão”, diz Marcos Litz

Com reservas de R$ 450 milhões divididos em dois planos de benefícios, um BD e outro CD, além do PGA, a fundação da Casa da Moeda tinha uma estrutura de funcionamento que o novo diretor de investimentos avaliou, ao chegar, como inadequada para novos saltos que a entidade pretendia dar, seja na perspectiva de criar novos planos de benefícios para o público externo ou mesmo para incorporar aos planos atuais parte dos servidores da própria Casa da Moeda que ainda não aderiram.

Ele conseguiu aprovar em dezembro do ano passado, após dois meses de preparativos, uma nova estrutura que acabou com o uso de fundos condominiais e concentrou os investimentos em três fundos exclusivos, um de renda fixa ativo sob a gestão do Itaú, outro de renda variável ativo sob a gestão da Vinci Investimentos, e um terceiro multimercado macro, que admite investimentos no exterior, sob a gestão da XP Asset. Os planos de benefícios passaram a comprar cotas desses fundos exclusivos, espelhando seus Asset Liability Management (ALM).

Para chegar a esse formato, Litz dividiu o processo de investimentos da Cifrão em três competências, cada uma com responsabilidades específicas. A primeira é a da gestão operacional, sob o comando da 4Um Investimentos, que faz todo o back-office das operações, incluindo o processamento das ordens, a geração de cotas, a liquidação de posições etc.

A segunda competência tem a responsabilidade pela gestão dos investimentos propriamente ditos, que é feito através dos três fundos exclusivos, com mandatos claros para os gestores, além de metas de desempenho e avaliações semestrais. A definição dessa competência incluiu também a substituição do custodiante e a implementação do CNPJ por plano, já concluída.

A terceira competência tem a responsabilidade pela gestão estratégica de todo o processo, sob o comando da própria equipe de investimentos do Cifrão, composta por três pessoas, incluindo Litz. “Cabe a nós selecionar os gestores, definir os mandatos, estabelecer as fronteiras eficientes, fazer o ALM dos planos etc”, explica. “Como não dá para fazer tudo, terceirizamos partes para quem tem expertise e ficamos na supervisão”.

Dos três fundos exclusivos, o de renda fixa ativo e o multimercado macro já estão plenamente operacionais, enquanto o de renda variável ativo está em seus últimos ajustes. Para montá-lo, a fundação resgatou todos os recursos que possuía em fundos de renda variável condominiais e canalizou para o exclusivo. “A gestão dos fundos exclusivos é discricionária, os gestores têm mandatos e são cobrados por resultados”, diz Litz. Segundo ele, além das três estratégias adotadas, a Cifrão pretende criar também, no futuro, uma quarta de investimentos alternativos, para ativos ilíquidos.

Litz explica que atualmente os dois planos de benefícios da fundação, mais o PGA, compram cotas dos fundos exclusivos, seguindo seus ALMs. O PBDC é o mais antigo, um plano de benefício definido de R$ 180 milhões que está fechado à novas adesões, possuindo 92% da carteira em renda fixa, 4,3% em renda variável e 2% em multimercados. O MoedaPrev é um plano de contribuição definida aberto, de R$ 250 milhões, que possui 71% da carteira em renda fixa, 9,4% em renda variável e 15% em multimercados. Outros R$ 20 milhões do patrimônio da entidade estão distribuídos entre o PGA, imóveis não cotizáveis e empréstimos a participantes.

De acordo com Litz, novos planos que venham a ser criados pela Cifrão, como plano família ou qualquer outro tipo de instituído, seriam facilmente “plugáveis” à estrutura dos fundos exclusivos. Ele adianta que esses “novos planos” estão no planejamento estratégico da fundação, mas apenas a partir de 2024.

Além da facilidade de criar novos planos e reduzir os custos operacionais da fundação, a nova estrutura também trouxe ganhos de funcionalidades, controles e governança. O executivo conta que desde o início do ano a Cifrão vem batendo frequentemente suas metas atuariais.

No acumulado deste ano, até maio, o PBDC teve retorno de 6,21%, acima da meta atuarial do período, que ficou em 4,69%. Já o MoedaPrev apresentou no mesmo período a rentabilidade de 5,32%, acima da sua referência atuarial de 4,69%. A fundação possui atualmente 1.663 participantes, sendo 1 mil ativos e 663 assistidos.

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